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2012 - Livro Vermelho 2013

Ocotea catharinensis Mez VU

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 02-04-2012

Criterio: A2cd

Avaliador: Maria Marta V. de Moraes

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

A espécieocorre nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro,Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Característica das encostas e toposde morros da Mata Atlântica, a canela-preta, madeira de alta qualidade, vemsendo extraída há várias décadas. Segundo dados disponíveis, estudos realizados nopassado, no estado de Santa Catarina, mostravam que a espécie representava umterço de todo o volume de árvores em um hectare. Á exploração intensa eà expansão das fronteiras agrícolas ocasionou a fragmentação de seu habita e a perda do número deindivíduos e subpopulações. Os fragmentos remanescentes, que podem abrigar subpopulaçõesde O. catharinensis, representam 14,5% da área original. Com a persistência dodesmatamento do domínio fitogeográfico Mata Atlântica, assim como a redução de áreas de Cerrado e, principalmente, Pampa, a fragmentação e a degradação do habitat daespécie continuam se agravando.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Ocotea catharinensis Mez;

Família: Lauraceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Rohwer (1986) trata O. catharinensis como sinônimo de O.porosa (Nees) Barroso. Entretanto, segundo o trabalho de Quinet (2008) aanálise dos materiais-tipo das duas espécies, aliada ao exame de amplascoleções da região sudeste e sul, demonstraram que se tratam de espécies muitopróximas, porém, distintas. Ocotea catharinenesis apresenta folhas comdomácias providas de aberturas não contraídas e frutos elípsóides parcialmenteenvolvidos por cúpula hemiesférica, enquanto, O. porosa tem folhas comaberturas contraídas e fruto globoso sobre cúpula pateliforme. Nome popular: canela-preta,canela-coqueiro, canela-coqueira, canela-pinho, canela-amarela, canela-broto,canela-bicha (Lorenzi, 2002).

Potêncial valor econômico

​A madeira é de excelente qualidade para a construção civil, como vigas,caibros, ripas, tacos para assoalho, esquadrias, caixilhos, pranchas, para aconfecção de móveis e paineis e, para usos externos como moirões e construçãonaval (Lorenzi, 2002; Marques, 2001).

Dados populacionais

Tarazi et al. (2009) estudaram 4 subpopulaçõesde O. catharinensis em Santa Catarina e no levantamento de densidade deindivíduos reprodutivos encontraram 35 indivíduos no Parque Estadual da Serrado Tabuleiro (7,5 ha); 51 no Parque Botânico do Morro Baú (12,5 ha); 49 emCorupá (3 ha) e 53 no Grão Pará (14 ha). Aguiar (2003) amostrou 227 ind. (DA: 39,41ind./ha) no Parque Estadual de Carlos Botelho, SP sendo uma das espécies commaior Índice de Valor de Importância na comunidade. Formento et al. (2004) encontrou2,08 ind./ha em Floresta Ombrófila Mista em Campo Belo do Sul, SC. Moraes ePaoli (1996) estudaram 21 ind. no Parque Estadual de Carlos Botelho, SP. Foram amostrados13 ind. na Reserva Biológica do Tinguá, RJ (Jesus, 2009).Segundo Brotto (2010) foi coletada em Morretese Adrianópolis, PR, no P. E. das Lauráceas, onde podem ser encontradaspopulações notáveis desta espécie em floresta primária no que se refere àabundância e porte dos indivíduos. Também apresenta boa regeneração emflorestas secundárias em estágio médio e avançado de sucessão.

Distribuição

Distribui-se nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (Quinet; Baitello; Moraes, 2011).

Ecologia

Árvore de 12 m alt., monóica, ramos amarronzados,lenticelados. Folhas alternas,cartáceas, lanceoladas. Inflorescênciasubterminal ou terminal, botrióides. Floresmonoclinas, tépalas áureo-tomentosas. Fruto bacáceo elipsóide, cúpula hemiesférica, envolvendoparcialmente (1/3) o fruto. Floração: janeiro, de março a maio, de julho a setembro e em dezembro; frutifica: de fevereiro a dezembro (Quinet, 2008). Encontrada exclusivamente em Floresta Atlântica, entre 30 e 1400 m dealtitude. Suas flores são hermafroditas brancas, polinizadas por insetos comoabelhas, vespas, moscas e besouros. Suas sementes são dispersas por zoocoria ebarocoria (Tarazi et al., 2009).Planta perenifólia, ombrófila e seletiva higrófila, característica demata primária densa das encostas e topos de morros da mata atlântica (Lorenzi, 2002).

Ameaças

1.3.3.2 Selective logging
Severidade high
Detalhes Ocotea catharinensis era uma das mais comuns e típicas árvores na ARF deSanta Catarina. Foiresponsável por um terço de todo o volume de árvores em um hectare. Por causade seu valor econômico devido a alta qualidade de sua madeira e óleosessenciais, esta espécie foi intensamente explorada desde 1940 (Carvalho, 1994apud Tarazi et al., 2009). Exploração intensiva, juntamente com a expansão das fronteirasagrícolas tem causado fragmentação florestal e perda no número de indivíduos epopulações. Os fragmentos restantes da ARF do Estado de Santa Catarina, que pode abrigar populações O. catharinensis, representam 14,46% (13,693.34 km2) de sua área original (Tarazi et al., 2009).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Severidade low
Detalhes Tarazi et al. (2009) realizaram um estudo genético de quatrosubpopulações naturais de O. catharinensis. Este estudo demonstrou que o fluxo gênico entre estas populações remanescentes de O.catharinensis não é suficiente para para reduzir a diferenciaçãogenética entre as populações devido à deriva genética e seleção local, que ameaça a viabilidade futura da espécie. Como o desmatamento ilegal continua na Floresta Atlântica brasileira, a remoção e fragmentosflorestais de pequeno porte (de até 6 ha) pode eliminar um deme inteirode O. catharinensis e,consequentemente, eliminar alelos dentro destes demes. Além disso, a fragmentação florestal pode aumentar,reduzindo aconectividade entre populações de O. catharinensis e, portanto a Estrutura genética espacial (SGS) e a diferenciaçãogenética tambémpoderão aumentar (Tarazi, 2006).

Ações de conservação

1.2.1.1 International level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista vermelha IUCN (2011) (Varty; Guadagnin, 1998).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 1.

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: ​Rara (RR). Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

3.4 Habitat status
Situação: needed
Observações: O trabalho de Tarazi (2006) sugere que as estratégias para a conservaçãoin situ da O. catharinensis devem ser intensificadas em diferentes populaçõeslocalizadas em floresta climáxica entre cotas de 300 a 900m de altitude e que aconectividade dos fragmentos de floresta climáxica tem que ser restabelecidapara a manutenção do fluxo gênico e para contrapor um futuro aumento dadivergência entre as populações (Tarazi, 2006).

Usos

Referências

- TARAZI, R. Caracterização da Estrutura Genética e Conservação de Populações Naturais de Canela-Preta (Ocotea catharinensis MEZ.) No Estado de Santa Catarina. Mestrado. Florianópolis, SC: Universidade Federal de Santa Catarina, 2006.

- TARAZI, R.; MANTOVANI, A.; REIS, M.S.D. Fine-scale spatial genetic structure and allozymic diversity in natural populations of Ocotea catharinensis Mez. (Lauraceae). Conserv. Genet., 2009.

- CARVALHO, L. R. Conservação de Sementes de Espécies dos Gêneros Nectandra, Ocotea e Persea (LAURACEAE). Dissertação de mestrado. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2006.

- QUINET, A. O Gênero Ocotea Aubl. (Lauraceae) no Sudeste do Brasil. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

- VARTY, N.; GUADAGNIN, D.L. Ocotea catharinensis in IUCN Red List of Threatened Species. Disponivel em: <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 10/03/2012.

- QUINET, A.; BAITELLO, J.B.; MORAES, P.L.R.D. Lauraceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2011/FB008441>.

- LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Plantarum, 2002.

- MORAES, P.L.R.; PAOLI, A.A.S. Morfologia de frutos e sementes de Cryptocaria mosch ata Nees & Martius ex Nees, Endlicheria paniculata (Sprengel) MacBride E Ocotea catharinensis Mez (Lauraceae). Revista Brasileira de Sementes, v. 18, n. 1, p. 17-27, 1996.

- BROTTO, M.L. Estudo taxonômico do gênero Ocotea aubl. (Lauraceae) na floresta ombrófila densa no estado do Paraná, Brasil. : UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2010.

- AGUIAR, O.T. Comparação entre os métodos de quadrantes e parcelas na caracterização da composição florística e fitossociológica de um trecho de Floresta Ombrófila Densa no Parque Estadual "Carlos Botelho" - São João Arcanjo, São Paulo. Dissertação. : Escola Superior de Agricultura "Luiz Queiroz", 2003.

- FORMENTO, S.; SCHORN, L.A.; RAMOS, R.A.B. Dinâmica estrutural arbórea de uma floresta ombrófila mista em Campo Belo do Sul, SC. Cerne, v. 10, n. 2, p. 196-212, 2004.

- MARQUES, C.A. Importância Econômica da família Lauraceae Lindl. Floresta e Ambiente, v. 8, n. 1, p. 195-206, 2001.

- TEIXEIRA, E.P.; SILVA, A.DE. Primeiro registro de Accinctapubes albifasciata (Druce, 1902) (Pyralidae, Epipaschiinae) em frutos de Ocotea catharinensis Mez ? Lauraceae (Nota Científica). Rev. Inst. Flor., v. 23, n. 1, p. pp. 173-177, 2011.

- ROHWER, J.G. Prodromus einer monographie der Gattung Ocotea Aublet (Lauraceae), sensu lato. 1986. 3-278 p.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

- CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE, RIO GRANDE DO SUL. Decreto estadual CONSEMA n. 42.099 de 31 de dezembro de 2002. Declara as espécies da flora nativa ameaçadas de extinção no estado do Rio Grande do Sul e da outras providências, Palácio Piratini, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 31 dez. 2002, 2002.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

Como citar

CNCFlora. Ocotea catharinensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Ocotea catharinensis>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 02/04/2012 - 13:37:37